Soneto XVII |
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio |
ou flecha de cravos que propagam o fogo: |
te amo como se amam certas coisas obscuras, |
secretamente, entre a sombra e a alma. |
Te amo como a planta que não floresce e leva |
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, |
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo |
o apertado aroma que ascendeu da terra. |
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, |
te amo diretamente sem problemas nem orgulho: |
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, |
senão assim deste modo em que não sou nem és |
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha |
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho. |
Pablo Neruda |
sexta-feira, 6 de julho de 2012
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